sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Comidinhas da sorte Sementes de romã, lentilha e outros rituais gastronômicos da ceia de ano-novo

Louro

De origem greco-romana, o louro é símbolo de sucesso e vitória. “Ser laureado significa ser reconhecido. Os atletas gregos que venciam recebiam uma coroa de louros como prêmio”. Além disso, são folhas de uma árvore resistente e que dão frutos em bagas volumosas. Guardar umas folhas de louro na carteira na virada é promessa de sucesso e fartura ao longo do ano. 


Cordeiro
As citações bíblicas comprovam o apelo religioso do cordeiro para os católicos. “É um animal considerado puro e, por isso, é permitido até mesmo no período da quaresma, em que os fiéis não podem comer carne vermelha ou de animais de sangue quente”, explica Dias. 
Receita:

INGREDIENTES:

  • 50 g de bacon
  • 3 colheres (sopa) de azeite extravirgem
  • 500 g de paleta de cordeiro dessossada e cortada em cubos
  • 8 cebolas pérola
  • 1 dente de alho picado
  • 1 xícara (chá) de cerveja tipo Brown Ale
  • 2 xícaras (chá) de champignons frescos cortados ao meio
  • 1 ramo de tomilho
  • 3 colheres (sopa) de manteiga
  • Sal a gosto 

MODO DE PREPARO

Corte em cubinhos e frite o bacon no azeite em uma panela funda, quando estiver bem dourado, retire e reserve. Na mesma gordura, doure o cordeiro, retire e reserve. Salteie as cebolas inteiras, retire e reserve. Refogue o alho, retorne o cordeiro para a panela junto com a cebola e o bacon e adicione a cerveja. Tampe e deixe cozinhar por uma hora. Se necessário, acrescente um pouco de água. Quando a carne estiver macia, adicione o tomilho e deixe reduzir. Em seguida, derreta a manteiga, em uma frigideira, e refogue o champignon. Acrescente o champignon ao cozido e deixe cozinhar destampado por mais alguns minutos.


Dicas
Acrescente um pouco mais de tomilho, cerca de cinco minutos antes de desligar o fogo e servir, isso dará um perfume especial a esse prato.


Peixes

“Eles simbolizam a purificação por meio de seu habitat, a água. Além de serem férteis e se reproduzirem graças a uma infinidade de ovas, os peixes quase nunca andam sozinhos”, anota Dias. “Quem os consome espera obter todas essas sortes”. O bacalhau, clássico nas ceias brasileiras, é uma herança da colonização portuguesa que, além da simbologia religiosa, durante muitos anos foi a base da alimentação lusa por ser barato e de fácil conservação nos períodos de estiagem. “Com o passar do tempo veio a escassez e ele passou a ser um peixe nobre, consumido em ocasiões especiais”. 


Porco

Os porcos são animais polêmicos na história da civilização. Enquanto algumas culturas consideram sua carne impura, outras o tratam como animal resistente, parrudo e que busca oportunidades – já que "fuça" para frente. Por isso, é bem-vindo na ceia de ano-novo. “Os camponeses italianos fazem uma festança para celebrar mais um ano de trabalho. O pé de porco com lentilhas é um prato tradicional de boa sorte”, relata Dias. Segundo ele, os alemães também prezam a carne suína na virada e degustam costelinhas e joelho de porco com lentilhas e chucrute. “No México o forte é o menudo, sopa feita com miúdos de porco condimentados”.


Romã, uvas e outras frutas

Repletas de sementes ou nascidas em cachos, elas trazem a ideia de multiplicidade e fartura. “A uva é nobre em muitas culturas. É a fruta que dá o vinho de Baco, o deus mitológico dos excessos, da fartura e das festividades”, explica Lody. A romã, por sua vez, carrega a simbologia religiosa. “Para os judeus, comer essa fruta no ano-novo judaico é questão de virtude e, ao comer algumas de suas sementes, o homem estaria reforçando suas qualidades". O peso religioso da romã também aparece no catolicismo. No dia de Reis, costuma-se comer algumas sementinhas e guardá-las na carteira para ter sorte e riqueza ao longo do ano”, descreve Lody. Para o escritor, as frutas também ganham espaço nas ceias devido à sazonalidade, como é caso do figo. “É natural que se busquem alimentos mais abundantes e acessíveis neste período. As frutas da estação pautam e alimentam as tradições”, completa.


Frutas secas e castanhas

Elas sempre estiveram associadas à fartura e à sorte por serem alimentos resistentes, possíveis de ser armazenados durante muitos dias para garantir a alimentação. "Nozes, castanhas, avelãs suportavam o inverno rigoroso no hemisfério norte e as frutas secas eram a forma mais eficaz de conservação durante os períodos de tempo ruim”, justifica Lody. Outro aspecto apontado pelo professor Dias diz respeito ao tom lúdico dos doces à base de frutas: "Ao comê-los na virada espera-se que se tenha um ano de igual doçura. Os judeus costumam degustar maçãs embebidas em mel, sem contar a infinidade de sobremesas de tradição ocidental”, completa Dias.


Romã
Réveillon deriva do verbo francês réveiller, que significa revelar, despertar, acordar. “Para boa parte dos povos a virada do ano traz a intenção de renovação, de fechamento de um ciclo e início de outro”, explica Sandro Dias, professor de história da gastronomia do Senac. E, segundo ele, tanto no passado quanto no presente os rituais e as superstições envolvendo os alimentos são referências dessa transição. "As comidas carregam a simbologia da fartura”, diz o escritor e antropólogo Raul Lody. Os grãos, por exemplo, remetem à quantidade e multiplicidade. “Arroz, lentilha, feijão, milho: todos, no imaginário popular, simbolizam a fertilidade”, completa Lody. O peixe também é um clássico na ceia de ano-novo. “Em diversas culturas ele faz alusão à partilha e purificação”. São costumes seculares, difíceis de serem identificados em uma linha cronológica. O que se sabe é que seus significados nasceram ou da mitologia ou da tradição cristã, além dos ciclos naturais, como a época das colheitas. Isso porque muitos povos europeus cultivavam rituais pela fecundidade da terra e pela fartura de alimentos – afinal, em outros tempos não era nada fácil sobreviver a geadas, tempestades ou períodos de seca. As tradições que inspiram os rituais gastronômicos do réveillon não contam, obviamente, com nenhuma comprovação científica. De qualquer modo, é difícil achar alguém que nunca tenha se rendido a uma das “simpatias”, mesmo que por pura diversão. Na contagem regressiva para a chegada de 2011, confira curiosidades sobre as comidinhas de ano-novo. Na dúvida, não custa nada tentar uma delas. IG.


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Marcos Imperial

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